quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Rota do Linho e dos Laranjais | Fotos

O ponto de partida do nosso percurso foi o Parque do Santuário do Coração de Maria. O trilho desenvolveu-se pela encosta da Serra, atravessando algumas zonas agrícolas e outras com grandes manchas de carvalhos, eucaliptos e pinheiros bravos, onde pontualmente foram aparecendo sobreiros e medronheiros.

Atravessando caminhos rurais, além do modo tradicional de trabalhar a agricultura, pode observar-se também alguns campos de produção de linho. De acordo com os painéis informativos do percurso, “a indústria linheira afirmou-se como uma actividade caseira, individual, dispersa, servida por uma técnica artesanal arcaica, que mais tarde veio a ganhar uma grande relevância na região”.

Seguimos ao longo de pequenos ribeiros de água fresca e cristalina que descem as encostas do Caramulo, revelando-se o habitat de uma grande diversidade de fauna e flora. Aqui a complexa vegetação rasteira cresce à sombra dos carvalhos, freixos, amieiros, pinheiros e eucaliptos, enquanto nos recantos mais húmidos e sombrios despontam os fetos.

Nas margens dos ribeiros encontramos diversos moinhos em granito suspensos no tempo e nos musgos verdes que lhes dão cor. Embora estas construções tenham perdido o protagonismo de outrora, ainda hoje, por aqui, os curso de água permanecem ladeados por estas estruturas que, aproveitando os desníveis da água transformavam o cereal em alimento. Consta que alguns, ainda que poucos, continuam em funcionamento.

Entrando no troço correspondente à rota dos laranjais, descobrimos diversos placares informativos com a história da chegada da laranja ao nosso país. Ficamos a saber que a laranjeira é originária da Ásia, tendo sido trazidas da China em 1593 as melhores variedades, contribuindo assim para a presença destas árvores na região.

O nosso trilho conduziu-nos a Castelões, em tempos terra de “gente nobre e de grande importância”. Uma marca desta fidalguia está patente no solar da Quinta da Cruz, que o tempo logrou deixar ao abandono, levando-o a um estado de acentuada ruína.

Passamos pelo majestoso cruzeiro da Quinta da Cruz, que alude a um evento típico desta região: a Festa das Cruzes, realizada na quinta-feira da Ascensão no Guardão. Esta festa começa no lugar da capela de São Bartolomeu, onde outrora existiu um castro, local onde se concentram gentes de várias freguesias comemorando a estrondosa vitória alcançada contra os mouros, cujo castelo foi tomado e assaltado pelos habitantes desta freguesia (e diz-se serem os de Castelões o primeiros ao assalto, e por isso os mais valentes).

Percorrendo o Vale de Besteiros, local onde Briceu, rei lusitano acampou e recrutou os dois mil guerreiros com os quais subiu a serra ao encontro dos mouros, percebemos o porquê desta festa milenar, que alude ao “abraço” dado pelo povo de Guardão aos soldados que ali lutaram. Segundo consta, após a vitória, o povo acorreu à igreja para agradecer ao divino, iniciando uma tradição que hoje se mantém com a “procissão das cruzes”.

Saboreamos diversas laranjas, enquanto percorríamos pequenos pomares e laranjais dispersos entre as galerias de vegetação ribeirinha dos cursos de água. No entanto, as laranjas estavam um pouco ácidas (mas bem vitaminadas). Mais tarde constatou-se, depois de uma pesquisa bibliográfica, que os melhores meses para saborear as laranjas do Caramulo são Maio e Agosto, uma vez que esta região é caracterizada pela produção da chamada “laranja tardia” (a confirmar em novas visitas).

Finalizamos o trilho ao final da tarde, no santuário onde horas antes havíamos partido. Para terminar o dia em grande, demos um salto ao Caramulinho para desfrutar de um por de sol sublime sobre uma terra que têm muito para oferecer a quem a desejar conhecer através dos seus excepcionais percursos pedestres.

domingo, 4 de dezembro de 2011

À descoberta da Serra de Arga 11/12/2011

No próximo dia 11 de Dezembro de 2011 será efectuado um trilho com aproximadamente 12 quilómetros na Serra de Arga, perto de Caminha, em parceria com o grupo all GREEN.


Marcamos a actividade para as 10:00 da manhã, na Igreja de Arga de Baixo, nas seguintes coordenadas:
41°50'42.02"N (latitude) e 8°42'49.94"W (longitude).

Não se esqueçam de levar comida, água, impermeável, chapéu e calçado confortável.

Para participar envia um e-mail de confirmação para evasaoverde@gmail.com.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Rota do Linho e dos Laranjais 08/12/2011

No próximo dia 8 de Dezembro de 2011 será efectuado um percurso pedestre no Caramulo, que reúne a Rota dos Laranjais e a Rota do Linho, num trilho único com uma extensão de aproximadamente 15 quilómetros.


Marcamos a actividade para as 10:00 da manhã, no Santuário do Coração de Maria, nas seguintes coordenadas:
40°32'49.60"N (latitude) e 8°9'27.00"W (longitude).

Não se esqueçam de levar comida, água, impermeável, chapéu e calçado confortável.

Para participar envia um e-mail de confirmação para evasaoverde@gmail.com.

Rota do Maroiço | Fotos

Os dias chuvosos de Outono revelam aspectos únicos na paisagem que importa desvendar. Os amarelos, vermelhos e laranja das folhas; os doces dióspiros suspensos nas árvores aguardando uma suculenta dentada; os pequenos ribeiros transbordantes de água e fragrâncias a ervas aromáticas que tão bem temperam os “panelões” que tranquilamente fumegam pelas chaminés das aldeias... são motivos mais que suficientes para acordar cedo e zarpar rumo a um país secreto.

Os caminhos enlameados, pontuados com pequenos charcos, reflectem rasgos de céu, onde correm rápidas as nuvens em dias curtos, onde a noite chega sorrateiramente às cinco da tarde, transformando pequenos bosques lusitanos, em florestas enfeitiçadas, onde as arvores parecem não ter fim no manto de escuridão.

Nas serranias de Fafe, o vento faz-se sentir nos ossos e nas enormes pás das eólicas que giram rapidamente, fustigadas por gotículas de nuvens, gerando a energia que alimenta os povoados que se avistam mais abaixo. Depois de uma subida ao alto do Maroiço, por caminhos rurais alagados, e um trilho serpenteante pela serra, atravessamos um planalto que nos conduziu à mítica Lage Branca, ponto de observação por excelência da magnificência do Gerês, um pouco dissolvida nas brumas de um dia chuvoso, que mesmo assim revelou aspectos deliciosos de uma paisagem vasta e preciosa.

Na descida da Serra, encontramos vários grupos de cavalos castanhos cruzando o nosso caminho, logo desaparecendo entre as nuvens e os penedos esboroados que polvilham o topo dos montes.

Depois de uma paragem numa taberna minhota acolhedora, para provar o pão e o verde tinto da terra, seguimos por velhos estradões de terra e pedras, mergulhando em vales abrigados por uma galeria ribeirinha rica em carvalhos e castanheiros antigos, ladeando velhos moinhos e muros cinzentos, salpicados por folhas coloridas e pela suave neblina de um anoitecer iminente.

Atravessando os regatos de pedra em pedra, por caminhos especialmente intimistas, ricos em biodiversidade, chegamos já de noite à Queimadela, com a certeza que iremos regressar muitas mais vezes para percorrer este excepcional percurso, repleto de natureza e tradição.