Iniciamos o percurso perto do centro da Vila da Lousã, terra onde a cestaria, os trabalhos em xisto, a cerâmica, os bordados, e a bijuteria, convivem com produtos tradicionais como a doçaria, os vinhos, o mel e os licores, num cenário verde de natureza e história que ousamos explorar.
A Rota dos Moinhos, com início na fábrica de Papel do Prado, conduziu-nos pela mata verdejante que ladeia o rio Arouce até ao Castelo da Lousã, localizado num estreito contraforte da serra.
Não se conhece ao certo quando foi edificado aquele que também é designado por Castelo de Arouce, mas a tradição popular conta que na época da ocupação muçulmana, um emir de nome Arunce, que teria sido expulso da “antiga Coimbra” (Conimbriga) pelas forças cristãs, antes de se dirigir ao Norte de África, para pedir reforços, terá construído o Castelo para proteger a sua filha, de nome Peralta e as suas riquezas.
Depois de uma sessão fotográfica ao castelo, seguimos pela Rota das Aldeias do Xisto, percurso que evolui em grande parte nas encostas da Serra da Lousã e faz a ligação do Castelo da Lousã e a Ermida de Nossa Senhora da Piedade com duas das mais emblemáticas aldeias desta serra.
O Talasnal e o Casal Novo são aldeias cravadas na montanha, ligadas entre si por uma história e cultura comuns. Levantadas com pedras “sem reboco nem pinga de tinta”, as casas destas aldeias com janelas que parecem postigos tomam o aspecto de fortalezas, apresentando assinaláveis semelhanças com os povoados das aldeias marroquinas do alto Atlas.
O Talasnal é um dos povoados serranos mais característicos, quer pela sua localização no abraço da serra, quer pela sua arquitectura bem conservada, que espelha a identidade única das Aldeias do Xisto. As casas muito juntas nascem do chão como espigões. A separá-las, vielas estreitas e sinuosas que dão a perfeita ideia de labirinto, vigiadas por gatos e portadas entreabertas.
A escada de uma das antigas casas conduziu-nos até ao “Retalhinho”, loja de artesanato, licores, e doçaria caseira, que permitiu uma pequena sessão de degustação que redobrou o nosso ânimo, antes de seguirmos para a aldeia de Casal Novo, inicio da acentuada descida que nos conduziu de regresso ao Castelo, e posteriormente à Vila da Lousã.
Ao final de mais uma jornada, as palavras escasseiam para descrever a beleza inexplicável dos bosques, dos regatos e das paredes de xisto, que resistem frias ao tempo, salvaguardando lareiras onde as gentes se aquecem, bebericando aguardante de mel enquanto se relembram as lendas de uma terra rica em tradições e mistérios.
2 comentários:
Um encanto as palavras e as imagens qualquer dia vou ter de embarcar numa evasão.
Abraço Amigo
Marco Ferraz
Saudações Marco!
Agradeço as tuas palavras. Quando é que tu e os teus aparecem numa Evasão Verde?
Um Abraço e até breve!
PF
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