Se recuássemos no tempo para além do século XV, em vez de uma península onde fica Peniche e o Cabo Carvoeiro, antes encontraríamos uma ilha separada da costa, e num recorte mais profundo desta última, com feição portuária, a povoação de Autouguia da Baleia.
Mas as areais que se foram juntando entre essa ilha e a terra próxima e o entulhamento progressivo do pequeno porto vizinho e do rio que lhe dava origem foram a pouco e pouco transformando a geografia e a paisagem, a caminho do que hoje por ali se encontra: em vez da ilha, uma península; em vez de um porto interior, o fértil e amplo vale de Ferrel, transformando aquele porto numa povoação interior, embora sempre próxima do litoral.
Ao longe, a uma escassa dúzia de quilómetros, já no Atlântico, surgem as Berlengas e os Farilhões, pequenas ilhas e rochedos desligados do litoral num viver de exilio, habitados em tempos por frades expulsos pela pirataria argelina, pela guarnição do Forte de São João Baptista e hoje pelos faroleiros e raros pescadores.
No dia 6 de Abril, num percurso de aproximadamente 12 quilómetros, visitamos uma terra de pescadores e surfistas, vigiada pelo cântico sempre presente das aves marinhas, que pairam sobre as falésias, suspensas entre o céu e o oceano.
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