No dia 28 de Julho de 2013 percorremos o
conjunto monumental do Buçaco, que mobiliza uma riqueza patrimonial de exceção.
Ao núcleo central formado pelo Palace Hotel do Buçaco e pelo convento de Santa
Cruz juntam-se as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que
compõe a Via Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento
comemorativo da Batalha do Buçaco, os cruzeiros, as fontes e as cisternas, os
miradouros ou as casas florestais.
O percurso com aproximadamente 15
quilómetros permitiu desvendar locais fascinantes como o convento de Santa
Cruz, construído na simplicidade eremítica do Deserto, apresentando uma planta
única em Portugal: a igreja domina um espaço sem claustros, com os pátios a
imprimir regularidade ao conjunto. Ou seja, de acordo com a fundação mata do Buçaco,
“nesta originalíssima ideia de usufruto espiritual é a igreja que se inscreve
dentro de um espaço claustral simulado, recuperando a organização da ideia
mítica do Templo de Jerusalém”.
Dentro da cerca conventual, apesar da
extinção em 1834 da ordem dos Carmelitas descalços do Buçaco, subsistem as
capelas de devoção e as ermidas de habitação, construídas para a vontade
religiosa de reclusão. Todas elas atestam o desejo em torno do ideal de
ascetismo e despreendimento material.
A partir de 1644, sob a égide de Dão Manuel
Saldanha, reitor da Universidade de Coimbra, ergueu-se, à imagem de Jerusalém,
uma Via Sacra de fortíssimos contornos ideológicos e propagandísticos,
destinada a representar os passos da paixão de Jesus Cristo.
A 27 de Setembro de 1810 a mata foi palco
da Batalha do Buçaco, um dos episódios sangrentos das invasões napoleónicas em
Portugal, tendo o convento servido de base de operações ao Duque de Wellington
no confronto entre as tropas luso-britânicas e francesas.
O Palace Hotel, construído entre 1888 e
1907, é considerado um dos pontos de maior interesse de todo o conjunto. Sob o
projeto do cenógrafo italiano Luigi Marini, o edifício inscreve-se no
cruzamento cultural de sentido romântico e nacionalista que absorve influências
manuelinas e renascentistas.
Exploramos todos estes locais, mergulhados
na Mata Nacional do Buçaco, resultado da permanência dos Carmelitas Descalços
no seu “Deserto”.
Revelando ainda zonas da floresta autóctone
portuguesa, a Mata foi sendo tratada por sucessivas gerações de monges de modo
a representar o Monte Carmelo como o local originário da Ordem. Atualmente
ocupa cerca de 105 hectares e possui uma das melhores coleções de plantas
lenhosas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com
exemplares notáveis, sendo uma das Matas Nacionais mais ricas em património
natural, arquitetónico e cultural de Portugal.
Ficam as fotos e um trilho único como
convite a um passeio num local mágico que importa descobrir, disfrutar e
preservar.
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