terça-feira, 1 de novembro de 2011

Caminhos da Senhora da Graça | Fotos

Para lá do Alvão existe um santuário com vistas para a Serra, que permite abarcar uma extensão vasta de paisagem, onde o céu e a montanha revelam diversos quadros de uma região telúrica profunda, plena de paz de espírito e tradição.

Começando a caminhada em Mondim de Bastos, terra de “boa mesa” e “boa gente”, seguimos pelas escadas de pedra do parque florestal rumo às vinhas e quintas das pequenas casas agrícolas que abraçam o Monte Farinha.

Um caminho antigo, com degraus de pedra e terra, inundado por um sol outonal que insiste aquecer, conduziu-nos sobre rasgos azuis recortados pelo verde-escuro da paisagem rumo às alturas. O magnífico Santuário da Nossa Senhora da Graça, situado a cerca de 900 metros de altitude, revelou um panorama maravilhoso de imensas serras a norte do rio Douro.

Reza a lenda que aqui terá existido a cidade de Cinínia, lar da tribo castreja dos Tamecanos, que foi obrigada a abandonar o seu território aquando a ocupação Romana. Segundo várias fontes, embora não existindo certezas da fundação original, no local existiria, desde remotos períodos, um templo já do período castrejo de ocupação do monte.

O actual santuário cristão data de 1775, caracterizando-se pela construção robusta de uma igreja em granito da região, com torre e pavimento lajeado.

Entre trilhos antigos, tantas vezes pisados por diversos viajantes de variadas eras, provamos doces medronhos coloridos a laranja e vermelho garrido. Nas curvas da estrada avistamos o recorte longínquo das serras polvilhadas pelas torres eólicas e pelos rasgos grotescos das pedreiras.

Partimos de Mondim depois de um trilho especial, que nos surpreendeu com história, paisagem e árvores carregadas de fruta adocicada que “energizaram” a nossa caminhada.

Depois de um repasto generoso na adega dos Sete Condes, deixamos já de noite as águas cristalinas de um Tâmega adormecido no sopé da grandiosa pirâmide verde do Monte Farinha, coroada pela mística ermida da Senhora da Graça que vigia a paisagem, sozinha, na escuridão.

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